Gálatas, uma carta atualíssima!
É possível que alguns encontrem pouca relevância nos registros desta carta, em especial para os nossos dias, uma vez que ela diz respeito ao combate às ameaças que um grupo de judeus promoveu com o objetivo de fazer do cristianismo um ramo do judaísmo. De fato, este tema é superado.
Contudo, a importância de Gálatas na Igreja cristã e, em especial, na defesa da doutrina da justificação pela fé, foi crucial na consolidação da Reforma Protestante. Os pensamentos de Lutero, traduzidos em seus escritos, revelam o quanto a leitura desta carta impactou e confirmou sua compreensão da fé.
Os judaizantes combatidos por Paulo nesta epístola são exemplos de religiosos legalistas, de todos os tempos, que defendem um sistema de aproximação de Deus com base em exigências legais. Algo que coloca a fé como acessório e não fundamento para a salvação.
O cristianismo legalista, que subscreve uma fé meritória, tem se manifestado de muitas formas na história da Igreja, e em nossos dias não é diferente. Porém, permanece viva e atualíssima a advertência do apóstolo Paulo: qualquer forma de legalismo leva à escravidão, e toda e qualquer forma de escravidão é estranha ao cristianismo.
É bom observarmos que desde a entrada do pecado no mundo, seres humanos passaram à condição de servos. Servos do pecado, para a morte. Ou servos da justiça divina para a vida. Portanto, pensar em cumprimento de regras para se obter favor divino é querer colocar Deus como devedor de favores.
O evangelho da justificação pela fé, conforme expôs Paulo aos cristãos na Galácia, liberta das tradições humanas legalistas, até porque elas nunca tiveram papel salvífico e nenhuma interferência na promessa feita a Abraão.
Em Cristo somos livres, mas não para fazer o que queremos. Se alguém usa a liberdade cristã de forma a satisfazer os seus pecados, esse tal não foi liberto. Ainda é escravo do pecado. Em Cristo somos livres para obedecer a Deus, livres de quaisquer práticas religiosas que nos levem a pensar que somos credores diante de Deus.
Que o Senhor nos ajude nesta compreensão.
Pr. Evaldo Bueno Rodrigues