Confissão e arrependimento: mão única!
“Cura-me, Senhor, e serei curado, salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor” (Jr 17.14).
Jeremias foi incansável em exortar os habitantes de Judá, reino do sul, a abandonar o pecado, a idolatria e se voltar para o Senhor. Ele via um cativeiro de 70 anos no horizonte e sabia que os Babilônios, os caldeus, triunfariam, pois eram instrumentos a serviço do Soberano Deus para correção e disciplina dos judeus.
“O pecado de vocês está escrito com ponteiro de ferro e com diamante pontiagudo, gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos seus altares” (Jr 17.1). O pecado da nação estava arraigado, impregnado até “nas pontas dos altares”. Por isso nem a adoração nem os sacrifícios tinham valor.
Eles abriram mão da herança do Senhor: “Por ti mesmo te privarás da tua herança” (Jr 17.4). Estavam na contramão de Deus. Sofreriam as consequências de seus atos: “Eu amaldiçoarei aquele que se afasta de mim, que confia na força de fracos seres humanos” (Jr 17.5).
Uma constatação histórica em todos os tempos é a rebeldia dos seres humanos contra Deus. Alguns não só negam o Deus Criador, mas afirmam que se Ele existe, quanto mais distante melhor. Para esses o andar com Deus só serve para cercear a liberdade e os prazeres da carne. É como se Deus nada tivesse a ver com o que eles fazem. Até a igreja de Jesus tem sido afetada pelos efeitos devastadores da rebeldia contra Deus. À semelhança dos israelitas, há negligência para com a Palavra de Deus na qual o cristão diz crer, mas se nega a obedecer.
Porém o Senhor ainda é o Deus misericordioso e bondoso, “que não retarda a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2Pe 3.9).
Jeremias então conclama o povo a confiar em Deus e a esperar pela salvação que só Ele pode dar. Exorta-os a não confiar em seus próprios corações, pois “o coração do homem é enganoso, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jr 17.9).
Jeremias curva-se diante do Senhor numa atitude de contrição e adoração e clama pela graça divina: “Cura-me, Senhor, e serei curado, salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor”.
Quando confessamos pecados, Deus se deixa achar: “um espírito quebrantado, coração compungido e contrito, jamais é rejeitado pelo Senhor” (Sl 51.17). Judá mantinha-se obstinado em sua autoconfiança, fazendo da carne mortal o seu braço forte e apartando o seu coração do Senhor.
Soberba ilusória, fé superficial, esfriamento da comunhão e afastamento dos caminhos do Senhor. O homem guiado pelos impulsos do coração perde de vista a Soberania de Deus e de Sua visão raio-X que “examina pensamentos, prova corações e trata a cada um conforme seu viver e suas ações” (Jr 17.10).
Jeremias aponta o caminho de volta: o Senhor abençoará todo aquele que Nele confiar. O pecado tem consequências terríveis, mas a confissão e o arrependimento superam, em muito, as forças do mal.
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, elas não têm fim; renovam-se a cada manhã” (Lm 3,22-23). Elas vão muito além da nossa compreensão, estão ajustadas para enxergar o coração verdadeiramente arrependido, confesso e disposto a acertar o Caminho.
Pr. Evaldo Bueno Rodrigues